Pense nas vitaminas como chaves essenciais para ligar ações e reações que acontecem no organismo. Elas são classificadas em 2 grupos, considerando o meio em que se dissolvem: lipossolúveis (solúveis em gorduras) e hidrossolúveis (solúveis em água).
Lipossolúveis são as vitaminas A, D, E e K.
E entre as vitaminas hidrossolúveis estão a vitamina C e as vitaminas do complexo B.
(Vitaminas: A D E K C e Complexo B)
Vitamina A
A vitamina A (retinol) é necessária para vários processos no organismo.
Ajuda a manter saudáveis a pele e o revestimento dos pulmões, do intestino e do trato urinário, protegendo contra infecções.
A deficiência costuma ocorrer com a desnutrição por longo período, quando também o armazenamento é insuficiente.
Distúrbios que comprometem absorção de gorduras pelo intestino reduzem a absorção da vitamina A.
Estes distúrbios incluem verminoses, diarréias crônicas, fibrose cística, doenças do pâncreas e obstruções das vias biliares. Doenças hepáticas interferem no armazenamento (grande parte da vitamina A é armazenada no fígado). Cirurgias do intestino ou do pâncreas podem gerar o mesmo efeito.
Sintomas da deficiência de vitamina A
Perda de apetite, crescimento deficiente, problemas funcionais das glândulas sebáceas, hiper e paraqueratose, queda de pêlos, aumento da vulnerabilidade às infecções, principalmente respiratórias, conjuntivite, opacidade da córnea etc. Um sintoma prematuro de deficiência é a cegueira noturna, distúrbio em células da retina. Que pode evoluir para processo que afeta a córnea, a conjuntiva e as glândulas lacrimais, causando desconforto ocular, com secura, ardor, sensação de areia ou prurido (‘comichão’ ocular), sensibilidade à luz (fotofobia) e visão turva: xeroftalmia.
A xeroftalmia ocorre especialmente em filhotes (felinos) com deficiência nutricional grave.
Na pele há ressecamento e escamação, e os revestimentos pulmonar, entérico e urinário sofrem espessamento e enrijecimento.
Complexo B
B1 (Tiamina)
A vitamina B1 está diretamente relacionada com o metabolismo. Favorece o apetite e ajuda a controlar o gasto energético das células, a partir da organização do uso de carboidratos pelo organismo. Necessidade diária 1 a 2 mg por Kg.
B2 (Riboflavina)
Enquanto a vitamina B1 está relacionada com o metabolismo dos carboidratos, a B2 é responsável pelo controle do uso das gorduras no corpo. Além disso, participa da produção das células sanguíneas e ajuda nos processos celulares ligados a produção de imunidade.
Necessidade diária 2 a 4 mg/Kg/dia.
B3 (Niacina)
Letargia é um sinal de deficiência. Tem ação voltada para o sistema nervoso, estimulando os mecanismos de vigília e capacidade de concentração. Também tem importante participação na circulação sanguínea e em vários outros processos do organismo. Em cães a deficiência causa a "pelagra", ou "língua negra".
B5 (Ácido Pantotênico)
A vitamina B5 é uma verdadeira “faz tudo” do organismo. Está relacionada com a integridade óssea (a partir da produção de vitamina D), cardíaca (no controle dos níveis de colesterol do sangue) e com a produção de energia para o corpo. A deficiência causa prejuízo ao crescimento, distúrbios intestinais, apetite errático, perda de pigmentação, queda de pêlos com pele avermelhada e escamosa. Cães jovens 440 mcg /Kg/dia; adultos 220 mcg/Kg/dia.
B6 (Piridoxina)
Especialmente importante no metabolismo proteico. É uma vitamina que atua diretamente no funcionamento do sistema nervoso, na produção de neurotransmissores (substâncias reguladoras de ação nos neurônios) e proteção das células nervosas e seus revestimentos. Deficiências severas causam perda de reflexos, pêlos rugosos, ásperos e despigmentados, escaras ao redor dos olhos, no focinho, patas e cauda, e progridem para distúrbios sanguíneos e nervosos. Cães jovens 44 mcg/Kg/dia e cães adultos 22 mcg/Kg/dia.
B7 (Biotina)
Dentre os sinais de deficiência de biotina em cães estão a alopecia, pelagem áspera, despigmentação do focinho, dermatite, lesões nos coxins plantares, na face e hiperqueratoses. Estes sintomas podem estar relacionados com a síntese insuficiente de ácidos graxos para manter a integridade da pele e pelagem, já que a biotina atua diretamente na síntese de ácidos graxos.
A absorção da biotina pode ser prejudicada pela Avidina (uma proteína presente na clara de ovo crua).
A biotina garante energia às células, sendo essencial para a produção de glicogênio, regulando os níveis de glicose circulante e, consequentemente, prevenindo ou controlando a diabetes; formação de aminoácidos, que são as unidades formadoras de proteínas; aumento da reabsorção das vitaminas B12, B5 e ácido fólico, no intestino; auxiliar na formação de células do sangue, principalmente linfócitos (anticorpos). Ajuda a manter a integridade do sistema nervoso, auxilia no tratamento da acne, da alopecia e no controle dos níveis de colesterol.
É muito utilizada em dermo-cosméticos. Isso porque uma das suas principais funções é manter íntegros os anexos da pele (unhas e pêlos), favorecer a hidratação, atuar na formação de colágeno, proteína fundamental para a elasticidade, e da queratina, que garante a camada mais resistente da pele. Também atua no sistema nervoso.
Biotina encontra-se em grande concentração em leveduras, fígado e rins. Boas fontes de ácidos graxos são o óleo de girassol e o de canola, usados para culinária e podendo ser adicionados diretamente na ração, como rotina, duas vezes na semana.
As necessidades: para cães jovens são de 4,4 mcg/Kg/dia e para cães adultos, 2,2 mcg/Kg/dia.
B8 (Colina)
Fundamental na formação de acetilcolina, mediadora da transmissão de impulsos nervosos. Tem atividade sobre gorduras, previne acúmulo de gordura hepática, e a deficiência provoca infiltração gordurosa no fígado, e queda de pêlos, podendo ainda ocasionar necrose hemorrágica do córtex renal. Reposição para cães adultos 25 mg/Kg/dia e cães jovens 50 mg/Kg/dia. Importante, em casos de deficiências, conhecer alguns alimentos ricos em Colina, como:
Ovos (as gemas são a fonte alimentar mais concentrada de colina);
Leite; Carne e fígado de frango; Peixes e mariscos de alta qualidade (atum, salmão, vieira);
Bacalhau; Soja; Brócolis; Manteiga de amendoim 😝.
B9 (Ácido Fólico)
O ácido fólico, também chamado de folato, é uma substância essencial para as gestantes.
A deficiência pode atuar no nascimento de filhotes com lábio leporino e fenda palatina.
Na gravidez, participa do desenvolvimento do sistema nervoso do feto e deve ser suplementado logo no início da gestação (antes dos 45 dias). Participa na manutenção da integridade de vasos sanguíneos e outras estruturas do corpo. Se necessária reposição, para cães jovens 8 mcg/Kg/dia e para cães adultos 4 mcg/Kg/dia.
B12 (Cobalamina)
Relacionada com a produção (síntese) da bainha de mielina, proteção das células nervosas. Sua deficiência pode trazer sintomas bem graves, como alterações da memória, problemas locomotores e dores atípicas nos membros anteriores e posteriores dos pacientes afetados. O excesso também pode causar neuralgias. As regenerações sanguíneas requerem que a dieta garanta níveis de 1 mcg por Kg/dia para cães jovens e de 0,5 mcg/Kg/dia para cães adultos.
Quais são as principais fontes de vitaminas do complexo B?
Veja algumas das principais fontes alimentares dessas substâncias:
Carnes vermelhas em geral; fígado; leite; ovos; gérmen de trigo; peixes; abacate; tomate; cereais integrais; leveduras e cogumelos; aves; verduras/vegetais folhosos verde-escuros. Uma boa alimentação, balanceada de acordo com a espécie, é o principal caminho para garantir o acesso a todas as vitaminas necessárias ao funcionamento do organismo. Isso não é diferente quando o assunto envolve as vitaminas do complexo B.
Vitamina C
A vitamina C (ácido ascórbico) é essencial para a formação e manutenção de ossos, pele e tecido conjuntivo (que conecta outros tecidos e inclui tendões, ligamentos e vasos sanguíneos), sendo vital nos processos de cicatrização. Hipovitaminoses C ocorrem por defeitos na síntese, ou na absorção pelo organismo.
Ajuda a prevenir e tratar doenças decorrentes do envelhecimento, como o estresse celular por esforço físico, ou pela degeneração das articulações (artrites). Auxilia no tratamento de tumores, tem ação anti-inflamatória natural, além de ser antioxidante (elimina radicais livres). É essencial para os vasos sanguíneos.
Ajuda a manter dentes e gengivas saudáveis. Aumenta as defesas orgânicas em processos de recuperação.
É adjuvante nos estados hemorrágicos e febris, complementando o tratamento específico. Atua em estruturas intercelulares, como o colágeno, em tecido fibroso, cartilaginoso, matriz óssea e dentes. Ajuda na absorção de ferro, necessário para os glóbulos vermelhos. A vitamina C também ajuda a curar queimaduras e ferimentos.
Vitamina D
A causa mais comum de deficiência é a falta de exposição ao sol, mas determinados distúrbios também podem interferir.
Sem quantidade suficiente de vitamina D, pode haver fraqueza e dores musculares e articulares.
Em gestantes atinge o feto e, adiante, o recém-nascido apresentará elevado risco de raquitismo. Exames de sangue com dosagem de calcio e radiografias são realizados para confirmar o diagnóstico. Suplementos de vitamina D por via oral geralmente trazem recuperação completa. A suplementação durante a gestação e em pets obesos é indicada.
Existem formas diferentes de vitamina D, dependendo da fonte/veículo onde esteja armazenada.
Vitamina D2 (ergocalciferol):
Sintetizada a partir de plantas e precursores de leveduras. É também a mais utilizada em suplementos de altas dosagens.
Vitamina D3 (colecalciferol):
Forma convertida a partir da pele quando exposta ao sol. A vitamina D é armazenada principalmente no fígado. Tanto a D2, quanto a D3 precisam ser processadas no organismo para a forma ativa, o calcitriol, que promove a assimilação de cálcio, fósforo e magnésio a partir do intestino, que são usados no organismo para a mineralização da estrutura óssea.
A vitamina D pode ser usada para tratar problemas de pele, hipoparatireoidismo e osteodistrofia renal.
As necessidades de vitamina D aumentam no processo de envelhecimento.
Assim como as vitaminas A, E e K, é uma vitamina que dissolve em gordura, sendo mais bem absorvida quando ingerida em veículo oleoso. Cães jovens 22 U.I./Kg/dia e adultos 11 U.I./Kg/dia.
Vitamina E
A vitamina E (tocoferol) é um antioxidante: protege as células contra lesões causadas por radicais livres, que são subprodutos da atividade celular diária, e participam das reações químicas das células. Algumas destas reações podem ser deletéreas para o organismo.
Deficiência causada por falta na dieta, ou por distúrbio de assimilação .
Pode afetar reflexos e coordenação, causar dificuldades de locomoção e enfraquecimento muscular.
Prematuros com deficiência podem desenvolver forma grave de anemia.
O diagnóstico baseia-se nos sintomas e nos resultados de exames físico e laboratorial.
Adultos podem armazenar grandes quantidades de vitamina E no tecido adiposo, o que torna a deficiência menos provável.
Causas da deficiência de vitamina E
Distúrbios que comprometem a absorção de gordura como, por exemplo, doenças hepáticas, doenças da vesícula biliar, pancreatite e fibrose cística, podem reduzir a absorção e aumentar o risco de deficiência.
Sintomas da deficiência de vitamina E
Os sintomas em filhotes podem incluir diminuição de reflexos, dificuldade de locomoção e incoordenação, perda da propriocepção e fraqueza muscular. Pode causar anemia hemolítica.
Exames de sangue para medir o nível de vitamina E podem ser realizados para confirmar o diagnóstico. Necessidade diária de 2 mg por Kg de pêso vivo.
Boas fontes de vitamina E incluem óleos vegetais, nozes, sementes, algumas verduras e gérmen de trigo.
Vitamina K
A vitamina K apresenta-se sob diferentes formas, sendo:
Fitomenadiona K₁: esta forma ocorre em plantas com o nome de filoquinona e é também sintética.
Vitamina K2 (Menaquinona): produzida pelas bactérias presentes no intestino delgado e cólon;
Vitamina K3 (Menadiona): forma sintética produzida em laboratório.
É uma vitamina necessária para a síntese das proteínas dos fatores de coagulação, para manter normal a coagulação sanguínea. Também é necessária para a saúde dos ossos e outros tecidos. Em tratamentos longos com antibióticos de largo espectro recomenda-se a suplementação.
A deficiência pode causar hemorragias variadas; animais intoxicados com WARFARINA (um anti-coagulante) precisam receber injeções de Vitamina K; em humanos causa a doença hemorrágica no recém-nascido.
Ver https://www.thieme-connect.com/products/ejournals/abstract/10.1055/s-0038-1646311
AA essenciais AA não essenciais
Arginina Alanina
Histidina Asparagina
Isoleucina Aspartato
Leucina Cisteína
Lisina Glutamato
Metionina Glutamina
Fenilamina Glicina
Triptofano Hidroxilisina
Treonina Hidroxiprolina
Valina Prolina
Taurina (gatos) Serina
Tirosina
Moléculas grandes e complexas, compostas
por centenas a milhares de aminoácidos.
Cães e gatos jovens necessitam de dieta com os mesmos 10 aminoácidos que são essenciais para outras espécies de mamíferos e aves (Tabela), sendo que o gato ainda necessita de taurina. Os felinos evoluíram como carnívoros estritos e, como tal, possuem diversas particularidades nutricionais. As adaptações relacionadas ao componente protéico da dieta podem ser encontradas no metabolismo da arginina, taurina, aminoácidos não essenciais e triptofano do gato. Além disso, os gatos sintetizam aminoácidos únicos (felinina, isovaltina e isobuteína) e excretam, alguns em grandes quantidades, na urina.
O gato parece ser o único animal que necessita de taurina na dieta. Ou, melhor dizendo, os felinos.
É um aminoácido cuja deficiência ocorre por síntese inadequada e/ou alta demanda fisiológica. Entretanto, a baixa atividade e reduzida concentração da enzima necessária para a conversão da cisteína em hipotaurina, limitam a síntese de taurina a baixos níveis no gato.
Além disso, outra vez, no gato existe uma via competitiva do metabolismo da cisteína que origina piruvato, ao invés de taurina (CASE, 1998).
A maioria dos animais consegue responder às mudanças nas concentrações de taurina e glicina da dieta, alterando a relação dos ácidos biliares conjugados que contêm esses aminoácidos. Entretanto, o gato não tem essa capacidade de adaptação e a conjugação de ácidos biliares depende exclusivamente da taurina proveniente da dieta (BAKER, 1991).
A degeneração retiniana central foi a primeira síndrome descrita causada por uma deficiência de taurina. As membranas das células foto-receptoras da retina, que regulam o fluxo dos íons cálcio e potássio, perdem a integridade e a função, levando à morte celular (HAYES & STURMAN, 1981).
A taurina também é necessária para o funcionamento normal do miocárdio e sua deficiência provoca cardiomiopatia dilatada e problemas reprodutivos em gatas.
Estas e outras especializações metabólicas bem conhecidas dos gatos contribuem para a classificação dos gatos domésticos como carnívoros verdadeiros ou estritos. Já o cão, embora apresente algumas especializações metabólicas como o gato, pode ser classificado como carnívoro onívoro. Diferente de outros mamíferos onívoros, como o cão e o porco, os gatos têm baixos níveis ou falta total de enzimas-chave para a síntese da vitamina A a partir do caroteno, para a síntese de ácido araquidônico a partir do linoleico, de taurina a partir de cisteína, de niacina a partir do triptofano e de ornitina a partir do ácido glutâmico.
Por fatores como estes é que alguns indivíduos, em determinados momentos (crescimento, convalescença, exercícios de alto desempenho, distúrbios digestivos ou metabólicos, envelhecimento etc.), precisam de uma suplementação alimentar. Lembrando que o excesso, assim como a deficiência, seja de vitaminas ou de amino ácidos, pode ter efeito adverso no organismo.
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS
Os ácidos graxos essenciais para a alimentação humana são o ácido linolênico (ômega6) e o ácido linoleico (ômega3). O primeiro está presente em grande quantidade nos óleos de milho e soja, enquanto o segundo, em vegetais de folhas verdes, no óleo de linhaça e nos óleos de peixes marinhos.
Uma de suas principais funções é fornecer energia para o organismo. Uma grama de gordura tem mais do que o dobro de energia que uma grama de carboidrato. Quando se fala de gordura, é preciso deixar um ponto muito claro:
A gordura é essencial ao perfeito funcionamento do organismo dos animais.
OS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGEs) E A PELE
Os ácidos graxos essenciais (AGEs) são originários de óleos poli-insaturados, encontrados nas cadeias lipídicas das células dos animais e vegetais, dando-lhes forma e estrutura. São considerados essenciais pelo fato de os mamíferos não conseguirem sintetizá-los, devido a ausência de enzimas necessárias para produzi-los. Portanto, devem ser obtidos de fontes vegetais ou animais. Alguns ácidos graxos apresentam função estrutural nas membranas celulares como parte integrante dos fosfolipídeos, além de serem precursores de prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. Dessa forma, as gorduras fornecem substratos importantes não só para os processos metabólicos celulares, mas também para a manutenção da barreira cutânea.
As duas principais famílias de AGEs são a ômega-3 e ômega-6.
PRINCIPAIS REPRESENTANTES DOS ÁCIDOS DA FAMÍLIA ÔMEGA-3
• Ácido alfalinolênico (ALA)
• Ácido eicosapentaenoico (EPA);
• Ácido docosa-hexaenoico (DHA).
PRINCIPAIS REPRESENTANTES DOS ÁCIDOS DA FAMÍLIA ÔMEGA-6
• Ácido linoleico (AL);
• Ácido gamalinolênico (AGL);
• Ácido di-homogamalinolênico (ADGL);
Os ácidos graxos (AGs) da família ômega-3 apresentam importante ação anti-inflamatória. Eles estimulam a produção de colágeno e de fibras de elastina, além de manter a flexibilidade e a elasticidade da pele, o que reduz efeitos negativos da radiação ultravioleta (UV). Outro ácido graxo com importante e potente ação anti-inflamatória é o ácido oleico, pertencente a família ômega-9, responsável por fornecer antioxidantes ao organismo. Na pele, os AGEs linoleico, alfalinolênico e araquidônico exercem atividade fundamental na manutenção da integridade da epiderme e no transporte de água, distribuindo-se em membranas bilamelares. A redução das concentrações de colesterol, ceramidas ou AGEs facilita a perda da continuidade cutânea. Portanto, os ácidos graxos poli-insaturados são essenciais para a manutenção da barreira epidérmica. Isso é importante nos casos dos animais portadores de dermatite atópica (DA). O defeito de barreira epidérmica, observado em pacientes portadores de dermatite atópica, pode ocorrer pela produção reduzida da matriz lipídica do estrato córneo, ou por alterações entre os três principais compostos lipídicos desse estrato: ceramidas, ácidos graxos (AGs) e colesterol.
A administração tópica e a suplementação dietética com produtos à base de AGs estimulam a produção de lipídeos endógenos, o que contribui para a formação e a recomposição da barreira epidérmica.
PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS AGEs NA PELE
• Incorporam-se facilmente à membrana celular, aumentando a camada de barreira transepidérmica;
• São precursores das ceramidas;
• Apresentam efeito anti-inflamatório;
• Exercem efeito antioxidante;
• Deixam a pele mais hidratada, com melhor turgor e mais resistente às rupturas e aos processos descamativos.
PRINCIPAIS ANORMALIDADES OBSERVADAS DECORRENTES DA DEFICIÊNCIA DE ÁCIDOS GRAXOS
• Pelos secos, sem brilho e hipocrômicos;
• Perda da elasticidade cutânea;
• Lesões caracterizadas por alopecia, eritrodermia, hiperqueratose;
• Disqueratinização;
• Perda transepidérmica de água;
A pele é o maior órgão do corpo e constitui uma barreira fisiológica e estrutural entre o animal e o meio ambiente. Dentre as principais funções e propriedades da pele, estão:
- Proteção contra perda de água, eletrólitos e macromoléculas;
- Proteção contra agressões físicas e químicas;
- Termorregulação;
- Armazenamento de eletrólitos, água, vitaminas, gorduras, carboidratos, proteínas e outros elementos;
- Indicação de algumas alterações sistêmicas;
- Imunorregulação: os queratinócitos, as células de Langerhans e os linfócitos exercem papel fundamental na proteção contra infecções e neoplasias cutâneas;
- Ação antimicrobiana;
- Percepção sensorial;
- Produção de vitamina D.
A epiderme, camada mais externa da pele, apresenta importante função de barreira e é dividida em 4 camadas ou estratos:
- Estrato basal: única camada de células germinativas apoiadas na membrana basal;
- Estrato espinhoso: queratinócitos unidos por desmossomos nos quais se inserem filamentos da família das queratinas (citoqueratinas) que fazem parte do citoesqueleto, promovendo estabilidade mecânica às células;
- Estrato granuloso: células alongadas e estreitas que contêm grânulos basófilos;
- Estrato córneo: queratinócitos que estão em constante renovação e entremeados por uma matriz lipídica extracelular.
Essa matriz é composta principalmente de ceramidas, colesterol e ácidos graxos livres.
AS CÉLULAS RENOVAM-SE CONSTANTEMENTE DO ESTRATO BASAL EM DIREÇÃO AO ESTRATO CÓRNEO, O QUE TRANSCORRE NUM PERÍODO DE 21 DIAS.
LARSSON, C.E.; LUCAS, R. Tratado de Medicina Externa – Dermatologia Veterinária.